O pequeno inseto com asas brancas descerra a porta de aço maciço. O insignificante, o mínimo, o quantum descerram a porta maciça.
Aqui, no Templo de Sat, Eu, o arqueiro quântico, empunho o Arco, a Flecha e recito: tenho o dom de atrair o acontecimento de acasos felizes.
Diz o Buddha:
“Antes que a primeira vela
se acendesse,
a vela já estava acesa”.
Nessa hora sem sombra, ignoro tudo na arte em que sou exímio. Apenas contemplo puramente o alvo.
Algo dispara, algo acerta. Algo: a essência de uma coisa.
O mérito desse tiro, no entanto, não me pertence, pois ao permanecer esquecido de mim mesmo e de toda intenção, no estado de tensão máxima, o disparo foi realizado pelo Algo que, tal qual uma fruta madura, caiu.
Só o que escuto é um zunir que perfura o ar:
Algo dispara a flecha,
algo acerta o alvo.
Mas Algo também diz, se afinarmos a escuta:
Algo diz pára de sofrer,
diz pára de mentir,
diz pára de ter ressentimento,
diz pára de baixo-estima
e algo acerta o alvo.
O ponto em que a coisa-em-si (o Átman: o indestrutível) entra mais imediatamente no fenômeno é aquele em que a consciência (mente sem pensamentos) ilumina a Vontade.
Mente: consciência com pensamentos.
Sono, sonho, vigília.
A psique (alma), para os gregos, significa: inseto, mulher bonita, sopro.
O pequeno inseto com asas brancas descerra a porta de aço maciço. O insignificante, o mínimo, o quantum descerram a porta maciça.
Ou como dizia Paulo Leminsky: “E no interior do mais pequeno abre-se profundo a flor do espaço mais imenso”
O que é o quantum? A menor medida possível da matéria, que não pode ser subdividida em nada menor. Segundo Stephen Hawking, quantum é “a unidade indivisível em que as ondas podem ser emitidas ou absorvidas”.
O texto acima é fragmento do livro
“O arqueiro quântico,
de Fernando José Karl
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