quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

HARÉM AQUÁTICO

Em mim alma de barro cru e, claro,
eu preferiria residir num harém,
--- harém aquático ---
sem estorvo do areento.
O linho alto das nuvens em queda agora:
águas águas águas.
O coração esquecido no aguaçal.
O fero, em mim, transparente leão branco,
que é manso e silente.
Eu tranqüilo numa das camas do harém aquático,
e, a cada vez que se entreabre a porta azul,
fulge a asa do anjo antiqüíssimo
e o açude de uma Sibila antiga
escuta a pele minha em chamas.
Se abre outra vez a porta azul:
ave-do-paraíso, com sede, me olha.

Nenhum comentário: